Com a exibição de Na Estrada, a aguardada adaptação cinematográfica feita por Walter Salles do famoso romance On the Road, despertou-se no grande público um considerável interesse pela prosa vigorosa de Jack Kerouac. Para os que possuem este “vice impuni” que é a francofilia, a figura e a literatura de Kerouac são importantes, não somente por suas particularidades pessoais e qualidades artísticas intrínsecas, mas também por um detalhe: Jack – aliás, Jean-Louis – Kerouac, como filho de imigrantes franco-canadenses tinha a língua francesa como o idioma de seu ambiente familiar, realidade que, de certa forma, influenciou seu trabalho artístico.

Além disso, não se pode esquecer que a cultura francesa – como destaca bem apropriadamente, Ann Charters, a primeira biógrafa e estudiosa da literatura de Kerouac –, sempre marcou acentuada presença na experiência poética do movimento a qual Kerouac pertencia e foi elevado à pai espiritual: a célebre geração Beat. Ícones literários franceses como Rimbaud, Céline e Baudelaire faziam a cabeça dos beats e eram tidos como referências artísticas absolutas.

A intimidade com o idioma de Marguerite Yourcenar possibilitou também à Jack o contato privilegiado com toda a riqueza da literatura budista clássica, uma de suas influências mais caras. Até sua época, muitas sutras e tratados antigos budistas não conheciam tradução para o inglês e foi através da língua francesa que Jack Kerouac pode adentrar nesse instigante universo.

Fica a curiosidade: Como seria a obra-prima de Keroauc se sua redação fosse levada a cabo em francês?